Apenas com a sugestão e o desbloqueio mental, o método combate desde úlcera até alcoolismos.
Quando se fala em hipnotismo, a maioria das pessoas logo pensa em magia ou poderes paranormais, como praticados pelo bruxo Ravengar na novela Que Rei Sou Eu? No entanto, essa técnica é hoje usada na medicina, com excelentes resultados, para o tratamento de diversos males, desde gastrite, úlcera e alergias até ansiedade, gagueira, depressão e alcoolismo.
– A hipnose é uma arte muito antiga, que permite a alguém entrar em contato com o inconsciente de outra pessoa, desbloqueando os mecanismos de defesa. Por isso, sua ação mais eficaz é na cura de doenças de origem psicossomática – explica o médico e cirurgião Leonard Verea, 36 anos formado em Milão, na Itália, que aplica há mais de 12 anos o método de hipnose dinâmica em São Paulo. Com base nos cerca de 1000 pacientes que já atendeu com essa técnica, o especialista garante que ela permite chegar à cura total em 80% dos casos, sem recorrer a nenhum remédio. Mas, para difundir o seu uso, diz que é preciso combater a ideia errada, ainda comum, de que hipnose se liga à religião ou à magia.
– Não faço mágica ou milagres, apenas uma técnica médica. O importante é que a pessoa queira curar-se através da hipnose, pois ninguém pode ser hipnotizado se não quiser e menos dizer ou fazer a sua própria vontade – diz Verea.
O Método de hipnose dinâmica, desenvolvido desde 1975 na Itália para fins terapêuticos, trás muitos avanços em relação à hipnose tradicional. Em vez de usar o relaxamento e a comunicação verbal para levar o paciente ao transe, aplica a comunicação não-verbal, como postura, gestos, ruídos e toques que descarregam e provocam tensão.
– Quanto mais tensa a pessoa fica, mais fácil é hipnotizá-la. Os extremos – relaxamento e tensão – se aproximam. Além disso, pela hipnose dinâmica faço o indivíduo chegar à fase de indução em 3 a 4 minutos, enquanto o método tradicional leva de 20 a 30 minutos – afirma o médico.
A duração das sessões varia para cada caso. Primeiro o paciente passa algumas informações ao médico em estado consciente e depois, se comunica com ele sob indução hipnótica.
– Durante a sessão, a pessoa fica hipnotizada o tempo que for necessário. E a qualquer momento passo interromper o processo, pois todos temos um nível de tolerância em nossa mente – explica Verea.
O tempo de tratamento também varia. Mas, segundo o especialista, dura o máximo alguns meses para chegar aos resultados que, a psicoterapia convencional, costumam levar anos. O paulista Fernando Otávio Memória, por exemplo, resolveu experimentar método para deixar de fumar e conseguiu.
– Já na primeira sessão não fumava mais. Fiz outras sessões apenas para saber a causa do meu descontrole com relação ao cigarro e para não engordar – conta.
A arquiteta carioca Maria Lúcia lorenzi, 48 anos, teve uma reação ainda mais surpreendentes. Sofria di insônia há vinte anos, era dependente de remédios e há cinco meses voltou a dormir bem com a ajuda da hipnose.
– Fiz o tratamento cm três sessões por semana. E por incrível que pareça, dois meses depois já dormia tranquila sem a ajuda de calmantes. As sessões eram em média de 15 a 20 minutos. Eu ficava totalmente consciente, mas de olhos fechados, e conversávamos bastante. É realmente um trabalho sério, que me ajudou muito – diz Maria Lúcia.
Leonard Verea ressalta, porém, que o mais importante é a vontade da própria pessoa de se curar. Por isso o tratamento é diferente, dependendo do paciente e do problema a ser resolvido.
– O componente fundamental da cura é a vontade interior do indivíduo.
Fui,hipnotizada, quando criança.Hoje,tenho um tumor cerebral e uma mielofibrose, já pensei em obter a cura com hipótese.Seria possível?