A Auto-Estima da sua empresa anda baixa?

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“Estudos da Universidade de Harvard apontam que pessoas otimistas têm sempre metade das chances de sofrerem problemas graves no coração se comparadas aos indivíduos de índole pessimista. O mesmo ocorre com a saúde empresarial”. Quem chama a atenção para essa constatação é o psiquiatra e palestrante Dr. Leonard Verea. Ao longo de mais de dez anos, ele vem estudando a auto-estima empresarial e afirma que esta é intimamente relacionada às emoções dos colaboradores. Na entrevista concedida com exclusividade ao RH.com.br, ele mostra os mecanismo para se avaliar a auto-estima corporativa e como o RH pode trabalhá-la. Confira!

RH.COM.BR – Quando podemos afirmar que a auto-estima existe numa corporação?
Leonard Verea – Podemos identificar que a auto-estima está presente quando o bom clima organizacional é mantido, seja por parte do empresário ou mesmo do empregado, independentemente dos desgastes que ocorram na vida pessoal. É quando a organização está motivando a equipe, mesmo nos momentos de crise. A auto-estima empresarial também pode ser observada através da presença do prazer de colaborador em ir trabalhar ou quando ele tem satisfação em desenvolver a sua atividade com criatividade e sensibilidade. É quando as pessoas vestem a camisa da empresa, independentemente do cargo. Ocorre quando o funcionário aprende a trabalhar para si e não para os outros.

RH – Através de que mecanismos a auto-estima pode ser trabalhada numa empresa?
Verea – Costumo afirmar que a melhor estratégia é procurar otimizar os recursos pessoais internos e externos, para se encontrar a criatividade e conseqüentemente a auto-estima empresarial. Para isso, é preciso buscar uma maior motivação para o trabalho, promovendo o melhor clima organizacional e implantando a melhor imagem interna e externa da empresa. Também é necessário treinar para se obter a mais eficiente performance profissional dos colaboradores, buscar o maior engajamento para alcançar os objetivos da empresa e implantar o desenvolvimento profissional. Essas ações não são difíceis de serem implantadas, pelo menos no Brasil, onde trabalhador reúne características que lhe permitem se dar bem em qualquer país do mundo.

RH – Isso significa dizer que o trabalhador brasileiro tem peculiaridades?
Verea – Sim, pois o trabalhador brasileiro costuma viver o presente, quase sempre mostra o prazer e o lado light do trabalho, tem grande capacidade de extrapolar o lado positivo de qualquer situação, por pior que seja. O brasileiro consegue ser surpreendente, inova com muita criatividade, joga para trás o sofrimento e as dificuldades e segue em frente, acreditando que o amanhã será melhor. Ele vive as próprias emoções intensamente e consegue perceber que nunca tem um jeito só para fazer as mesmas coisas.

RH – Quais os benefícios que os programas de auto-estima podem trazer para a corporação?
Verea – Antes de tudo, é bom lembrar que não basta o empresário utilizar técnicas de gestão se ele não sabe interagir com os seus próprios funcionários ou não tem empatia para captar “no ar” os sinais não-verbais de indiquem que os colaboradores estão desmotivados e com baixa auto-estima. O programa ajuda tanto o empresário, quanto o funcionário a aprender dicas para se viver melhor na corporação e na vida pessoal. O resultado da adoção de um programa de auto-estima será a obtenção de um bom clima organizacional, a satisfação mais eficaz das necessidades do cliente, uma maior produtividade e conseqüentemente a superioridade sobre os concorrentes.

RH – Qual é a relação entre a auto-estima e o desempenho das equipes?
Verea – É um relacionamento estreito, pois quando não gosto de mim e não me valorizo, como posso gostar, valorizar e apresentar o meu produto da melhor forma? Isso se torna impossível. O entusiasmo beneficia o sucesso e estabelece uma nova visão de vida e da empresa.

RH – Quais os principais sintomas de uma empresa com uma auto-estima em baixa?
Verea – Ela é fácil de ser identificada, pois logo se observa que o clima que alimenta o dia-a-dia da empresa é de desânimo, de pessimismo, de estaticidade, estagnação, desmotivação e de impotência em geral, o que fatalmente levará a empresa ao fracasso. A auto-estima também costuma se manifestar quando a comunicação não-verbal está falha e não consegue passa uma imagem positiva, moderna e atualizada para aqueles que compõem a corporação.

RH – Identificados esses problemas na rotina organizacional, como é possível reverter essa situação de apatia corporativa?
Verea – Se a auto-estima do colaborador está debilitada, ele fatalmente acabará levando seus problemas pessoais para dentro das corporações, impregnando-a de carga negativa, de desânimo e de pessimismo. As dificuldades pessoais e profissionais se confundem e se misturam. Lamentavelmente é difícil apartá-las. Para reverter esse quadro é preciso que exista uma maior conscientização e percepção da própria capacidade e poder, dentro do seu grupo de ação, para acreditar que tudo vai dar certo, apesar das dificuldades. É preciso também que seja alimentados o entusiasmo, o otimismo e a capacidade de ousar das pessoas.

RH – Como o profissional de RH pode avaliar a auto-estima da empresa onde atua?
Verea – Como já disse anteriormente, é preciso observar e se interar com o ambiente empresarial. Para isso, o profissional de RH pode recorrer às pesquisas de clima organizacional e proporcionar aos colaboradores condições mais adequadas para fazer fluir positivamente a energia global.

RH – De que maneira a área de RH pode trabalhar a auto-estima de uma organização? Como esse trabalho poderia ser introduzido na empresa?
Verea – Além da atuação da área de RH, recomendamos que o pontapé inicial deva ser dado com a ajuda de um bom profissional que realize palestras de conscientização e de sensibilização nas empresas. Assim, o colaborador perceberá que a empresa está preocupada com ele como pessoa e não apenas com o resultado de seu trabalho. Além de valorizar seu potencial, ações como essa podem estabelecer vínculos de interação entre todos, mostrando que nenhum relacionamento pode existir na base pura e simples da competitividade, e sim da complementaridade recíproca que envolve todo o ambiente. É preciso implementar o otimismo.

Patrícia Bispo

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