A elevada migração populacional coloca Mato Grosso entre os estados onde há maior número de pessoas solitárias.
A elevada migração populacional coloca Mato Grosso entre os estados onde há maior número de pessoas solitárias. Dados do IBGE mostram que, da população total, 930.430 não nasceram aqui. São 413.589 com mais de 10 anos de idade, sendo 223.746 homens e 189.843 mulheres. Alguns chegaram e constituíram família. Outros não. Em época de Natal, muitos destes não têm onde cear na noite do dia 24.
A solidão, que já é um problema durante o ano, torna-se insuportável, quando o momento é de confraternizar com família e amigos.
É o que mostram os números do Centro de Valorização da Vida (CVV). “Os telefonemas aumentam de 10 a 20% próximo de festas como Natal, Dia dos Pais e das Mães. E já começaram a aumentar em novembro”, afirma a empresária Ana Rosa Ramos Nunes, coordenadora regional do CVV.
É hora da segurança pública também se preocupar com os suicídios, pois a angústia de ser só pode mover neste sentido, alerta o médico psiquiatra Leonard Verea, especialista no assunto solidão. Formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Milão, na Itália, e especializado em Medicina Psicossomática, ele afirma que “solidão nunca é saudável, pois somos seres sociáveis”.
“São raros os momentos em que precisamos ficar sozinhos, para ler, ouvir música, pensar em nossos desejos, problemas, planejar a vida, encontrar o equilíbrio. Vivemos, na verdade, a maior parte do tempo, em função dos outros. Cada um de nós assume uma função social e colaboramos com a sociedade. Sem isso, temos insegurança, fragilidade, depressão e baixa-estima, não necessariamente tudo isso e nesta mesma ordem”, avisa o psiquiatra. Aos que estão justamente neste processo de isolamento, Leonard Verea aconselha, para começarem a dizer “bom dia!” e “boa noite!” a todos. Quem sabe assim, alguém lembra-se de sua existência e parta daí um convite natalino.
O CVV estará, como sempre atendendo, por 24 horas, inclusive na hora tradicional da ceia: meia-noite. Para perguntar, se ninguém o fez, “como vai você?”
Keka Werneck – Da Redação
